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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

As relações entre os seres vivos

1.       Conceitos
No ecossistema, os fatores bióticos são constituídos pelas interações que se manifestam entre os seres vivos que habitam um determinado meio. Essas interações são designadas coações.
2.       Relações harmônicas
Nas relações harmônicas não existe desvantagem para nenhuma das espécies consideradas e há beneficio pelo menos para uma delas. Tais relações podem ser divididas em homotípicas e heterotipicas.
Relações homotípicas 
Também chamadas intra-especificas, são aquelas que ocorrem entre organismos da mesma espécie. Pertencem a este grupo as colônias e as sociedades.
Colônias
Colônias são constituídas por organismos da mesma espécie que se mantêm anatomicamente unidos entre si. A formação das colônias é determinada por um processo reprodutivo assexuado, o brotamento.
As colônias podem ser homomorfas e heteromorfas.
Colônias homomorfas
Tais colônias são constituídas por indivíduos iguais que realizam as mesmas funções, ou seja, não existe a chamada divisão de trabalho. Como exemplo, citamos as colônias de espogiários, de protozoários, de cracas (crustáceos), entre outras.
Colônias heteromorfas
As colônias heteromorfas são constituídas por indivíduos morfologicamente diferentes, com funções distintas, caracterizando a chamada divisão de trabalho fisiológico. Quando formadas por dois tipos de organismos, tais colônias são chamadas de dimorficas. Como exemplo, citaremos a Obelia, uma colônia de celenterados, na qual aparecem dois tipos de indivíduos: gastrozóides, para a nutrição, e gonozóides, para a reprodução.
Colônias polimórficas são estruturadas por vários tipos de indivíduos adaptados a distintas funções. Como exemplo clássico aparecem as “caravelas”, complexas colônias de celenterados. Uma caravela apresenta um pneumatóforo, vesícula cheia de gás que funciona como flutuador. Dela partem indivíduos especializados para nutrição (gastrozóides), reprodução (gonozóides), natação (nectozóides) e defesa (dactilozoides).
Sociedades
Sociedades são associações de indivíduos da mesma espécie que não estão unidos, ou seja, ligados anatomicamente, e formam uma organização social que se expressa através do cooperativismo.
Sociedades altamente desenvolvidas são encontradas entre os chamados insetos sociais, representados por cupins, vespas, formigas e abelhas. Para um estudo mais aprofundado, destacaremos aquelas encontradas em abelhas e formigas.
Abelhas
Na sociedade das abelhas distinguem-se três castas: a rainha, o zangão e as operarias. A rainha é a única fêmea fértil da colônia; saliente-se que em cada colônia existe apenas uma rainha. Os zangões são os machos férteis, enquanto as operarias ou obreiras são fêmeas estéreis. A rainha é fecundada fora da colméia no chamado vôo nupcial;  dependendo da espécie, ela é fecundada por um ou vários zangões. Os óvulos são haplóides (n) e quando fecundados originam ovos diplóides (2n), que se transformam em larvas. As larvas que recebem, como alimento, mel e pólen transformam-se em operárias; já as que recebem uma secreção glandular produzida pelas obreiras e chamada geléia real evoluem para rainhas. Os óvulos não fecundados, através de um processo designado partenogênese (evolução de óvulo virgem), originam os zangões, que durante o desenvolvimento recebem o mesmo alimento das operárias.
As operárias são encarregadas de obter alimento (pólen e néctar) e produzir a cera e o mel.
A cera é usada para produzir as celas hexagonais onde são postos os ovos; o mel é fabricado por transformação do néctar e constituídos por glicose e frutose. A única atividade dos zangões é a fecundação da rainha; após o vôo nupcial, são expulsos e morrem de inanição.
Formigas
As formigas vivem em ninhos subterrâneos chamados formigueiros. A rainha e os machos são férteis, enquanto as obreiras são estéreis e pertencem a castas diferenciadas. Existem fêmeas estéreis providas de poderosas mandíbulas, que são os soldados encarregados da defesa do formigueiro. A rainha e os machos são formas aladas e realizam a fecundação durante o vôo nupcial.
Térmitas
Nos cupins, ou térmitas, a rainha (fêmea fértil) apresenta o abdômen hipertrofiado e a sua única função é pôr ovos. As fêmeas estéreis encarregam-se dos diversos trabalhos, ou seja, obtenção de alimento, construção e limpeza dos ninhos e cuidados com larvas e ovos. Existem, ainda, os soldados, que , com suas fortes mandíbulas, estão encarregados da defesa do termiteiro.
Feromonios
Nos diversos insetos sociais, a comunicação entre os indivíduos é feita através dos feromônios  - substâncias químicas que servem para a comunicação.
Os feromônios são usados na demarcação de territórios, atração sexual e organização social.
Relações heterotípicas
também chamadas de relações interespecíficas, são aquelas que ocorrem entre organismos de espécies diferentes. É o caso das seguintes relações: protocooperação, mutualismo, comensalismo e inquilinismo.
Protocooperação
Também conhecida como cooperação, trata-se de uma associação entre duas espécies diferentes na qual ambas se beneficiam; contudo, tal associação não é indispensável à sobrevivência, podendo cada espécie viver isoladamente. Como exemplo, citaremos:
a)      Caranguejo Bernardo-eremita e anêmona
Também conhecido como paguro-eremita, trata-se de um crustáceo marinho que apresenta o abdômen mole e desprotegido de exoesqueleto.
A fim de proteger o abdômen, o Bernardo vive no interior de uma concha vazia de um caramujo. Sobre a concha aparecem anêmonas, celenterados (pólipos) providos de tentáculos que eliminam substancias urticantes. A anêmona é transportada pelo mesmo,  o que facilita a captura de alimento; em troca, protege, através de seus tentáculos, o crustáceo contra a ação de predadores.
b)      Pássaro-palito e crocodilo
O pássaro-palito penetra na boca do crocodilo, nas margens do rio Nilo, nutrindo-se de restos alimentares e de vermes existentes na boca do réptil. A vantagem é mutua porque, em troca de alimento, o pássaro livra o crocodilo de parasitas.
c)       Anu e gado
O anu é uma ave que se alimenta de carrapatos existentes na pele do gado, capturando-os diretamente. Em troca, o gado livra-se dos indesejáveis parasitas.
Mutualismo
Trata-se de uma associação intima com benefícios mútuos. É mais intima do que a cooperação; é necessária à sobrevivência das espécies, que não podem viver isoladamente. Cada espécie só consegue viver na presença da outra. Entre os exemplos, destacaremos:
a)      Liquens
É comum encontrar os liquens firmemente aderidos às rochas ou às cascas de árvores, formando crostas verde-acinzentadas. O líquen é uma associação entre uma alga e um fungo. A alga é um produtor e sintetiza alimento, que é utilizado pelo fungo, organismo heterótrofo consumidor. Em troca, o fungo envolve e protege a alga contra a dessecação. Separados, tais organismos não sobrevivem.
b)      Bacteriorriza
Chamamos de bacteriorriza à associação entre as bactérias do gênero Rhizobium e as raízes de leguminosas. Como já vimos, no ciclo do nitrogênio, a bactéria produz compostos nitrogenados aproveitados pela planta e dela recebe matéria orgânica produzida na  fotossíntese.
c)       Micorriza
Neste caso, tem-se uma associação entre fungos e raízes de arvores florestais. O fungo, que é um decompositor, fornece ao vegetal nitrogênio e outros nutrientes minerais; em troca, recebe matéria orgânica fotossintetizada.
d)      Cupins e protozoários
Os cupins ou térmitas ingerem madeira, mas não conseguem digerir a celulose, pois não possuem a celulase, enzima que digere a mesma. No tubo digestório do cupim, existem protozoários flagelados capazes de realizar tal digestão.
Comensalismo
No comensalismo, uma espécie chamada comensal se beneficia, enquanto a outra, chamada hospedeira, não leva vantagem alguma.
Um caso típico é a rêmora, ou peixe-piolho, que vive como comensal do tubarão. No alto da cabeça, a rêmora apresenta uma ventosa por meio da qual se fixa no tubarão. O efeito disso sobre o tubarão é nulo, mas a rêmora se beneficia porque engole as sobras alimentares do tubarão, além de se deslocar sem gasto de energia.
Inquilinismo
É a associação em que uma espécie (inquilino) procura abrigo ou suporte no corpo de outra espécie (hospedeiro), sem prejudica-la.
Trata-se de uma associação semelhante ao comensalismo, não envolvendo alimento. Citaremos dois exemplos:
a)      Peixe-agulha e holotúria
O peixe-agulha apresenta um corpo fino e alongado e se protege contra a ação de predadores abrigando-se no interior das holotúrias (pepinos-do-mar), sem prejudica-las
b)      Epifitismo
Epífitas são plantas que crescem sobre os troncos de plantas maiores sem parasitá-las. São epífitas as orquídeas e as bromélias, que vivendo sobre árvores, obtém maior suprimento de luz solar.
3.       Relações desarmônicas
As relações desarmônicas caracterizam-se por beneficiar um dos associados e prejudicar o outro. Tais relações também podem ser intra-especificas e interespecíficas.
Relações intra-especificas ou homotípicas
Competição intra-especifica
É a relação que se estabelece entre indivíduos da mesma espécie, quando concorrem pelos mesmos fatores ambientais, principalmente espaço e alimento.
Canibalismo
Canibal é o individuo que mata e come outro da mesma espécie. O canibalismo pode ocorrer em ratos, quando existe falta de espaço.
Relações interespecíficas ou heterotípicas
Competição interespecífica
A competição entre espécies diferentes se estabelece quando tais espécies possuem o mesmo hábitat e o mesmo nicho ecológico. É o caso de cobras, corujas e gaviões que vivem na mesma região e atacam pequenos roedores.
Predatismo
Predador é o individuo que ataca e devora outro, chamado presa, pertencente a espécie diferente. Os predadores são geralmente maiores e menos numerosos que suas presas, sendo exemplificados pelos animais carnívoros.
Tanto predadores quanto presas apresentam adaptações para ataque e defesa.
Daremos especial destaque para a adaptação denominada mimetismo. Através do mimetismo, os animais, pela cor ou forma, assemelham-se ao meio ambiente, com o qual se confundem. Tanto as presas como os predadores procuram esconder-se; os primeiros, a fim de não serem perseguidos; os segundos, para não serem descobertos. Assim, numerosos insetos que habitam a vegetação possuem a cor verde.
Um interessantíssimo exemplo de mimetismo é dado pelo camaleão, um réptil provido de cromatóforos, células pigmentadas que permitem uma variação na coloração do corpo; assim, tal animal é capaz de mudar sua cor conforme o ambiente em que é colocado. Tal fenômeno é denominado homocromia.
Amensalismo
Amensalismo é um tipo de associação em que uma espécie, chamada amensal, é inibida no crescimento ou na reprodução por substancias secretadas por uma outra espécie, chamada inibidora.
A relação pode ser exemplificada pelos flagelados Gonyaulax, causadores das chamadas marés vermelhas. Em tal caso, os flagelados eliminam toxinas que provocam a morte da fauna marinha.
Outro caso é representado pelos fungos que produzem antibióticos, impedindo o desenvolvimento de bactérias.
Parasitismo
Neste caso, uma das espécies, chamada parasita, vive na superfície ou no interior de outra, designada hospedeiro. O parasita alimenta-se do hospedeiro, podendo até matá-lo.

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